Quando eu tinha sete anos existiam tantas esperanças no mundo. Vindas da televisão é claro. Polegar vermelho sempre conseguia salvar o dia enquanto me fazia rir de inocência. Os cavaleiros do zodíaco então, eu tinha a certeza de que um dia seria um, para salvar sei lá o que do perigo que eu não entedia. Até o tio sam era empurrado a mim como um super-herói. Ai ai, como aquele velinho se mostrou um ganancioso interesseiro com o passar dos anos.
Batman, super-homem, flash, capitão planeta, tin tin... Todos farinha do mesmo saco. Me ensinaram a amar o próximo, proteger a natureza e valorizar a inteligência. Tudo aquilo que me impede de subir na vida hoje em dia.
Com o tempo a televisão foi ganhando cores, maiores dimensões e altos níveis de vulgaridades (apesar de eu desconfiar que isso sempre existiu). Compromissos que fazem parte da vida de um jovem bem encaminhado (para o escritório) me tiraram da frente desse maravilhoso aparelho, justo nos horários que mais me alimentavam essa vontade por justiça e amor. Agora só tenho tempo para telejornais sangrentos cheios de furos sobre corrupção e burocracias do sistema. E novelas tão cheias de... nada!
Ouvi boatos que chaves virou desenho e que chapollin está perdido por algum horário da madrugada de sábado. Super-homem virou um adolescente num seriado onde todo mundo é um vilão em potencial e o batman ganhou um filme chamado "begging´s", um herói com começo, mas sem fim. Do Tin Tin é melhor nem falar para não dar depressão.
Foi quando conheci um novo herói. O qual só se conhece quando jovem. Não não. Eu não o chamaria assim, eu diria mais alguém que te escuta e te mostra além do que se vê. Seria ele o dragão verde. Se você gosta de tapar os olhos com a mão, é ele que abre um vão entre seus dedos e depois fecha ainda mais. Ao contrario dos seus antigos ídolos ele é sincero, nunca me escondeu nada sobre ele. Eu sempre soube que de bonzinho ele não tinha nada, sempre soube que no fundo ele fazia parte do sistema e que só te faz companhia por uma noite, depois vai cuidar de sua vida e te deixa tão sozinho quanto antes de te conhecer, ou seja, idêntico a mim,a você e a todos nós. Um companheiro perfeito nesses tempos de desilusão.
O apelidei de Rubens e agora temos uma relação de amor e ódio. Como nunca tive com qualquer outro herói da minha infância. Não gosto dele, nem ele a mim. Mas temo gostar de nossas conversas sobre como salvar o mundo embora nunca agimos.
Com ele não há próximos capítulos, respostas ou amanhecer. Apenas um banho de vida e cores. Nesse exato momento não sei se preciso de mais alguma coisa. Antes claro de voltar aos meus compromissos e telejornais, que eu sei que um dia vão me fazer tornar um adulto, sem heróis, sem volta.
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