quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Telefona Casa

Já perdi as contas de quantas vezes vi o filme E.T.. Cada uma em épocas diferentes. O que torna cada exibição mais interessante que a outra. A primeira foi quando esse menino paulista aqui foi conhecer a praia nas férias de seus cinco anos. Sol, mar, castelo de areia e a única lembrança que tenho desses dias é um extraterrestre dentro de um cesto de uma bicicleta voando, atravessando a lua. Triste se não fosse mágico. E a música!! Que trilha sonora!! Em meios aos gritos de surpresa de Elliot, com a cara toda branca por causa de sua fantasia de Halloween.
Lembrança forte como foi também com o Parque dos dinossauros. Lembro de estar num dos últimos cinemas de rua de São Paulo com meus primos esperando minha sessão e ouvindo do lado de fora da sala os passos do T-rex. O cinema inteiro tremia. De fato, era fácil para uma criança acreditar que dentro daquela sala de cinema acontecia algo há mais do que uma projeção de filme.
As outras vezes que vi E.T. foram em casa no estilo Tela Quente. Em intervalos de cinco anos cada vez talvez. E não sei porque, embora sempre vise uma coisa nova aqui outra ali, o E.T. pra mim sempre parecia mais uma animal de estimação que veio do espaço do que um “homem” do espaço. As crianças brincavam com ele, o cachorro agia como se fosse alguém que iria dividir a atenção do dono. Quase como o papagaio novo da casa.
Porém dias atrás quando vi a filme pela última vez vi aquele bicho de uma maneira totalmente diferente. Astuto, maroto. Tipo um Corleone. Isso! Imagine você que Michael Corleone caísse num planeta estranho onde só soubesse falar “Almôndegas” e “família”. Ele no seu estilo mais chefão da máfia iria ficar calado, só observando tudo a sua volta, fazendo as alianças certas. Não é a toa que o E.T. se une telepaticamente o mais rápido possível a um terráqueo e ainda por cima uma criança, que não lhe faria nenhum mal.
Mas fora isso. Eu descobri qual é o plano mais foda de todo o filme. Nada de bicicletas voando, dedo acendendo, nave espacial cortando o céu e deixando um arco-íris. O melhor plano do filme não dura nem três segundos e está prensado em meio a vários outros cortes bem rápidos. Quando Elliote escapa da morte e abraçado por sua mãe numa cama de hospital, com um fundo amarelado desfocado e os dois preenchendo o quadro de forma sublime.

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