terça-feira, 10 de março de 2009

A fumaça

Escrevo na minha varando no começo de uma tarde quente. Porém não olha a paisagem, só vejo a folha desse caderno ainda branca e leve do peso das palavras. Enquanto a caneta corre por suas linhas minha expiração joga jatos de fumaça para chamar a inspiração. Penso se daqui alguns anos todos esses textos defumados não se transformaram em más lembranças, azeda nostalgia. Como olhar para uma foto de si mesmo com 16 anos. Se o que me entra é o fim de uma luta e o que sai o início de um universo.
Eu quis nunca ser careca, eu quis nunca deixar o pontal. Eu que nunca havia vestido uma gravata antes, fiz a dança matinal. De todos que juntos desenham o cénario da hora do rush. Acordam cedo e se vestem num balé coreografado. Tem uma vida para pagar e tempo para lucrar. E eu que nunca soube o que fazer de meus chocalhos, não larguei da minha alegria para me juntar.
Acho que preciso de mais espaço, mais responsabilidade, mais cuidados.

Nenhum comentário: