A criança corre aos olhos da estatua de Getulio Vargas. Suas roupas encardidas e seus pés descalços combinam tão bem com sua face amedrontada. Ele pula a pequena cerca que separa as pedras portuguesas da grama. Ele agora corre por onde sempre esteve, na ilegalidade de pisar na grama. Só ali ele para e olha para trás. Olha do que corre, assim como o pai dos pobres testemunha sem se mover. Suas mãos somem por debaixo da camisa, retorcida e esticada. Ele dá alguns passos para trás, mas inclina a cabeça para frente.
Na direção de seu olhar a policia agarra um morador de rua. São três contra um. E Getulio em cima de muro. O roubado para sua bicicleta em frente ao homem imobilizado e indica que seus pertences estão dentro do único bolso de única peça de roupa que o homem possui, uma bermuda. E lá está o roubo. O ladrão não reage, não desmente, não revida a agressão. Apanha exatamente por não se fazer de coitado. Sabe que não existe apenas uma vitima ali. Este é o jogo. Ele entende porque apanha e a platéia entende o porque ele rouba. Quem não parece entender nada é a criança. Correu sem saber do que, temeu sem saber o que e seu único crime foi pisar na grama.
Um comentário:
putaquepariu...
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