Aos 16 anos de idade eu estava apenas começando a entender porque tanta dos meus amigos começaram a virar fãs de Bob Marley. Ainda não tinha decorado nenhuma frase de efeito dele para colocar no Orkut (afinal eu curto a moda) como também não havia me decidido de que curso tentar no vestibular. Logo ali, batendo a porta e dizendo “Seu agorafiló!”... Como não havia estudado o suficiente para entender o que esse meu sonho dizia, resolvi procurar um psicólogo mesmo.
Como a agenda de quem trata dos muitos conturbados cidadãos sempre está cheia, ele resolve me ouvir durante uma rápida conversa no horário de almoço. Para ser mais exato, um pacote de biscoito maisena e um suco no copo plástico do bebedouro da sala de espera. O homem após se despedir de um dos seus pacientes mirins, que talvez só vá receber alta junto com a carteira de sócio de clube de jogadores de bocha de terceira idade (uma redundância, eu sei), se sentou a minha frente e esperou alguma palavra minha. E eu fiquei sem. Visto que George do Sienfeld acabara de dar uma mordida no biscoito de maisena na minha frente e perguntara de boca cheia “Porque decidiu me procurar?”. Talvez porque o Chandler do friends estivesse com a agenda totalmente lotada e o Kramer me deu ótimas recomendações.
Não consegui... Não consegui falar sobre meus problemas com aquela figura redonda, careca, dividindo sua atenção entre mim e o biscoito (70% pro biscoito). Como iria me consultar com um personagem fictício mais louco que eu? E se no meio da consulta entrasse pela porta correndo Elaine? Meus dentes trincaram só com esse pensamento. Não contei dos meus sonhos, não pedi conselhos, não aceitei uma maisena, nem lembro se sai do meu nome.
Fui embora ainda atordoado, sem saber o que é agorafiló e sem saber o que ser da vida. Por falta de orientação agora frenquento a praça da cantarera e faço cinema. Rezem por mim.
2 comentários:
Se for pra ser assim, prefiro a falta de orientação.
=D
se fode ai mane
hauhauhauhauhau
Postar um comentário