sábado, 23 de janeiro de 2010

Poemas feitos no Peru

Cuzco o que custar

Atravesso a rua da pobreza. Do outro lado suvenires para gringo. Tudo lindo. Tudo bem nítido. Uma mentira sincera. Dentro dos olhos de cada comerciante. O outro lado da rua. Nunca foi tão difícil comprar uma camisa.
Cuzco me deixa com um nó na garganta. Deixo Cuzco na hora marcada. Abandonando algumas moedas nas mãos da velha senhora. Apenas para diminuir minha contradição. Ela não esconde a alegria com tamanha contia. Teria garantido o almoço do dia. Continuaria garantida uma vida inteira pela frente naquela esquina. E eu sem saber o que fazer.
Me faz entender. Me diz aonde a fome doi. Me explica tudo. Dindim por dindim. Daí da fome da pra ver minha falta de solução?

Fumo para recuperar o fôlego.
A altura que Cuzco chega
O ar não alcança
É difícil respirar
A brasa demora a queimar
Como a vontade de pensar
Mesmo assim me bate aquela preocupação
Com a discussão da noite passada
E ai que a gente cai na gargalhada

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Machu picchu

Todas pedras da velha montanha
Choram pela manha
Enfeitam se a tarde
Escondem se a noite
Empilhadas, aruinadas
Inacabadas, abandonadas
Sua única companhia são os cachorros de rua
E as llamas exibidas

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Deus é fiel e o diabo é solteiro
Deus não mente e o diabo esconde a idade
Deus é grande e o diabo tem 1,80m
Reze para que isso tudo seja bobagem

Um comentário:

Rê Coelho disse...

apesar do aperto e da angústia que imagino que você esteja sentindo...
ainda assim, bateu uma leve vontade de estar no mesmo lugar em que você está nesse pequeno instante.
:)