quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sim, eu pixei o Cristo

As sirenes não pararam durante toda semana. Se ouvi quando vai dormir, durante o banho e enquanto liga o microondas para se comer congelados. Quem não se sente bem vira de lado. Ou liga a Tv. Esperando uma notícia de ontem, anteontem, mas do que adianta querer? Nada está resolvido. Por mais que mecha a colher o açúcar não fica dissolvido. É impossível esquecer.
Não vejo Dona à dias. Não é muito seguro ir para os lados de lá. E isso me deixa esquecido dentro de casa. Com uma melancolia que não passa. Arrastando a solidão. Desenvolvo uma rotina bem lenta. Não durmo porque nunca acordo. Caminho, caminho através dos sonhos que Dona repudia. Mas ela nunca saberia. É isso se torna uma rotina. Eu sinto falta. Me escondo enquanto sonho, como, escrevo, sonho e me recomponho.
O paraíso está caindo aos pedaços. A tempos ninguém sai de casa. Querer mais que isso é um pecado. O paraíso está desabitado. Se pra viver o sonho é precisa abrir mão do convite do papado.

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