sábado, 5 de junho de 2010

A classe-média me subiu a cabeça

I

Desses tênnis não sai de jeito nenhum a poeira do asfalto
Dessas roupas não sai mais o cheiro de perfume racionado
E cada vez mais vou subindo...
Subindo...
Subindo o preço
De um vício que só dura um cigarro de tempo
Porém dessa antiga inocência não sai a poeira do asfalto
Dessa social consciência não sai o perfume racionado
Você não me viu subindo de cargo?
Trocando de carro?
Subindo classe média
Para morar em Ipanema de cara para a favela


Sorte de Maria que varre a casa todo dia de olho nos filhos pela janela



II

Três cabeças

Eu só não quero ter a culpa do que penso
Se o nome e renome diário
Me deixam em contradição
Eu só não quero o fardo daquilo que eu já não lembro
Se as horas queimam rápido
Levando consigo a razão
Eu só não quero o pecado do que me falta ver
Já me basta a amônia
Colada no meu pulmão

3 comentários:

Juan Moravagine Carneiro disse...

Andei meio ausênte...

Aos poucos estou retornando

abraço meu caro e agradecido pelas visitas ao Rembrandt

~*Rebeca*~ disse...

Tem remédio pra isso? Será? Se tiver, quero doses intermináveis.

Estamos seguindo o seu blog também.

até mais.

Jota Cê

Li disse...

esse está muito bom!