domingo, 6 de fevereiro de 2011

A dúvida

Carrego comigo uma bola e uma corrente. Carrego comigo uma dúvida aonde quer que eu for. E o seu peso me pesa em toneladas. As ladeiras passaram a ser infernais. Elas me seguram na subida, me colocam pra baixo na descida. E a gravidade disso não tem medida.
Carrego comigo uma dúvida que não tem nome porque não dei, não me apaguei. Na verdade bem não sei que nome daria a essa vontade de não ir, vontade de ficar. Nem que seja para pensar aonde ir. A minha dúvida passa o dia  resmungando não entender o mundo e talvez seja por isso que eu não entendo ela. Não consigo mais dormir, não consigo mais sonhar com tanto desentendimento. Sempre que me deito ela ocupa o espaço da cama, vira e revira a noite inteira, me dá cada chute e cada abraço entrelaçado. Passamos a noite num sexo sem amor, numa fantasia de não saber o nome. Acordo exausto e com olheiras de quem vai cair no sono e perder o ponto de ônibus para o trabalho. E se ela não estivesse logo ali me pressionando a tornozelo poderia jurar que a vejo em cada mulher que passa, que senta ao meu lado, em cada homem que cruzo, que rouba o meu lugar. Embora não consiga ter certeza. Pisco e já estou em outra cidade, outra pessoa ao meu lado, outro horário.
Carrego comigo duas pernas, braços, cabeça e pulmões.  Um corpo pesado, com prazo de validade.

Um comentário:

Cáh disse...

Minhas dúvidas tbm resmungam... e pesam...


Um Beijo Luka!