Tudo

Eu preciso entender tudo o que eles falam. Se tagarelam tanto no meu ouvido é porque algo tem pra falar. Falam demais e confuso. Feito família. Eu preciso, de fato, passar horas ouvindo as vozes para conseguir ao menos chutar em que língua falam. E como pouco falo com minha própria língua não consigo lhes responder nada.
Falo apenas com os dedos, grafite e papel. Mando email e mensagem de texto sem pagar nada. Mas mesmo assim não escrevo uma palavra. Nada me sai da loucura. Nada se cura. A minha loucura é perecível. Tem nome de fome até que fico com tédio. A dor para, o tempo para. Bocejo a muitos quadros desse segundo. Nessas crises acredito na beleza. Me sinto imerso em tudo e tudo tem uma certa beleza, quando tudo está parado.
E nesse exato instante.

O gato caiu.

A planta secou.

E tudo mais que possa morrer vá pro inferno. Ao Diabos isso tudo.