Do começo. Quero falar das coisas sérias... Ou pelos menos das coisas que se tornam mais sérias quando bate aquela aflição. Do que fazer da vida. Com o dinheiro que falta. Com o tempo que corre. Mas antes preciso começar do começo. De quando nem me perguntava das seriedade das coisas. De quando outras coisas eram mais sérias e ridiculamente banais. O que a gente chama hoje em dia de tempo vago.
É sério isso?!
É. O mundo sempre foi cão. Sempre foi muito chão. E nós de chinelo de dedo, cabeça pequena, perna curta. Pés sujos de lama de bairro nobre. Pura roça, com vista pro mar. Roda a roda e a roda não saia do lugar. Nada era tempo vago. Tudo era muito sério.
E o que não era?
O jornal não era sério. O aumento do ônibus não era. A censura sim era inconstitucional. A gente se apegou mal. Eu e mais dois eu digo. O Diogo e o Vinicius. Fomos atrás de algum bem. Foi ser pé sujo, dando um jeito de fumar na estrada num mercedes benz. E no final foi tudo bem...
É sério.
Fizemos cara de sério e boa pinta. Pros canas não sorrir na hora que olhar a fotografia. Esse com certeza já tem ficha. Já deixou a tinta fixa. Digital na película. Mal sabem que por muito pouco tudo não foi pelo ares. Todo dia por muito pouco tudo não vai pelos ares. Todo dia, mas nunca... Nada sequer sai dos bares.
Então montamos um plano. O começo do fim.
Iríamos circular por aí. Como uma inércia dos sangues nas veias. Iríamos até o fim. Se não para encontrar o que falta, para ao menos nos distrair. Mas ninguém nos levou a sério. Soaram até alarme. Mesmo se der saudade só volte com tudo pronto para o abate. A hora de escape. A peça que faltava para a engrenagem.
Tem alguém rindo aqui?
Isso não é piada. É sério. É chato. É o ponto mais alto que poderíamos chegar sem tomar lado.
Rir agora seria nosso fim.
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