"Deus sabe que eu quis foi te proteger, do perigo maior que é você"
Do setimo andar, ainda no cair da tarde olhava as janelas, todas pareciam a muito tempo abandonadas. É engraçado como as pessoas se tracam mesmo dentro de casa, como um forte e esquecem que o melhor e viver na rua, na praça, no chafariz. E mesmo os que sabem disso se limitam a olhar essa vida pela janela, alimentando a ilusão de te-la. Assim como eu.
Lá na calçada passa um jovem de bermuda branca, camisa sem manga, all star surado sem meia. Ouvindo seu musica, tão alto que nem ouve o carro que buzina para ele. Desligado do mundo, muito provavelmente pensando na vida. Eu ainda olhando me debruso sobre a janela para ve-lo até onde pude, aquele garoto era como eu, nas minhas caminhadas de tarde vendo o por do sol.
Gostava muito daquelas caminhadas, tinha prazer em estar sozinho ouvindo musicas que me tocavam. São poucas pessoas que na compania me deixam solto e quase zero as que me conhecem de verdade.
Como uma certa vez, sentado num banco com uma amiga, ela me mandou parar com as piadinhas, olhou nos meus olhos e disse "sinto que vc é uma pessoa muito triste". Eu não disse mais uma unica palavra, me senti desprotegido, sem minha mascara qualquer poderia me ferir de uma maneira cruel. Mas ela me estendeu a mão e sorriu.
Nas caminhadas sempre tomava caminhos novos, quando mais fim de mundo o lugar, mas me sentia livre. Sem o peso que é ser você, os medos que o futuro tras, os fantasmas do passado, mas pricipalmente, sem o presente. Enquanto cantarolava as musicas.
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