Cláudio e Fernando, aproveitam o happy hour de toda sexta feira.
C – Vamos pedir mais um chope?
F – Sei não cara. Minha grana tá curta.
C – Só mais um para fechar a noite. Tem quanto aí?
F – Se tiver mais que cinco no bolso é porque a calça não é minha.
C – Mas isso não paga nem o que você já bebeu!
F – Eu bebi só dois!
C – Não! Esse é o seu terceiro.
F - … Mas que merda!
C – Relaxa, essa rodada fica por minha conta.
F – Essa vida de jovem fudido é injusta...
C – Garçom! Mais dois!
F – A gente tem que ter consciência social e não tem dinheiro nem para a xerox da faculdade. Para você ver, hoje fiz minha quinta entrevista de emprego esse mês e a primeira pergunta que me fizeram foi se eu tinha experiência.
C – E você tem?
F – Claro que não! Como vou ter alguma experiência se não consigo nenhum emprego?
C – (ri) Meu amigo, é isso ou viver com um salário mínimo.
F – Sabe o que me irrita de verdade? Esses caras que vem pro bar de terno. Só pode ser para jogar na minha cara.
C – Isso ai é tudo estagiótario. Tira banca de patrão e recebe menos que o faxineiro.
F – Andei pensando esses dias. Uma idéia maluca, mas que to começando a achar que vale a pena.
C – Qual?
F – Assaltar.
C – Você só pode estar maluco.
F – Mas ai é que tá. Não um banco ou um supermercado, que a policia cairia em cima. Teria que ser um lugar mais underground. Tipo uma casa de jogo do bicho... É perfeito!
C – Eu vou cancelar seu chope.
F – Porra Cláudio Eu me mato de estudar para não conseguir nada. Não aguento mais isso. Quantas vezes tive que dar colete em bar?
C – Você dá calote em bar?
F – Você nunca? A tática de ir ao banheiro e sair sem pagar?
C – Tu é um marginalzinho mesmo.
F – Mas pensa só... A gente vai de terno e gravata assaltar. Como em “Cães de aluguel”. Afinal, é nosso novo trabalho.
C – Você tá viajando cara. É lógico que a policia iria atrás da gente. Sem falar máfia desse jogo aí.
F – E dai? A gente já tá acostumado a se esconder da policia desde muleque.
C – Mas era por um motivo bem diferente.
F – Ilegal também é crime.
C – E a punição seria bem diferente também.
F – Só se for pra gente que é fudido. Filhinho de papai nunca tomou dura e nunca iria em cana.
C – E você acha isso errado? Você não comprou essa camisa? Não comprou esse cigarro? A mulher melancia não comprou os peitos dela? O filhinho de papai comprou a liberdade dele.
F – Agora tudo é produto?
C – E digo mais. Acho que o governo que devia pensar mais nos fudidos como nós e criar o suborno a preço popular.
F – (ri) Um brinde a isso!
…
C – E ai? Vamos pagar pra ir embora?
F – Claro, claro. Só vou no banheiro rapidinho...
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