Na hora do rush dentro de um ônibus
Quando o transito anda a dez por hora os nervos ficam a mil. Por mais que isso seja uma rotina cansa. Imagine minha tristeza quando me dei conta que enfrentar uma viagem de ônibus em pé e espremido fazia agora parte da minha vida. Não mais era mais um jovem livre.
Pois bem, a hora do rush pode ser traduzida literalmente como uma hora de grande movimento, de pressa, de afobação. Talvez por isso quem deixe pra ir pra casa mais tarde vive um happy hour. A minha hora do rush favorita sem dúvida é a volta para casa. Pois de manha muitas vezes as pessoas ainda nem acordaram direito, ficam até simpáticas de tanto sono. De noite não. A noite é um caos, um espetáculo! Aquele momento mágico em que as ruas se iluminam de luzes vermelhas (as do freio), de gritaria, de movimentação (ou a falta dele). Quando chove então tudo se compara ao penteado que sua tia usava nos anos 80, engraçado de tão triste.
E o olho de furacão de tudo isso é com certeza um ônibus parado no meio da ponte Rio-Niterói. Lotado de pessoas, malas e crianças chorando. Não há muita opção. É encarar isso ou a marchinha dos condenados nas barcas. Um aglomerado de pessoas andando uma polegada por passo, tanto para entrar como para sair da embarcação. Se vestissem roupas listradas poderiam ir direto para um campo de concentração.
De qualquer forma, o ônibus é o lugar dos insatisfeitos. Quem está de pé quer sentar, quem está sentado quer outro lugar melhor. São horas da sua vida que não podem ser jogadas fora assim sem sequer uma tentativa de aproveitamento. Tem os que lêem (sortudos sentados), os que ouvem música (trilha sonora de um filme em que nada acontece) e os que dormem (os mais talentosos conseguem fazer até de pé). Mas com certeza a atividade favorita para passar o tempo é fazer amizades novas. Afinal, todos ali tem algo em comum. A melancolia. Quando menos se espera um estranho vira pra você, bufa e reclama de alguma coisa. E é sua obrigação como trabalhador devolver uma reclamação ainda mais indignada, caso contrario você não merece estar ali. O alvo mais comum é o motorista e por fim a viação, aqueles “cheios da grana que não pensam no trabalhador”. Por mais de uma hora três ou mais pessoas revoltadas trocam injurias. No final se despedem sorrindo. “Foi um prazer te conhecer”.
Então, quando aquela secretaria gostosa der indiretas para sair contigo, você a convida. “18 horas no 996. Combinado?”
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