Bebi aquela noite, bebi muito aquela noite e ainda estou nela cambaleando pela calçada. Esmurrando o mundo com os ombros. Baleando como num baile. Bailando como uma bala. E digo que só bebi porque não se deixa copo cheio em nenhuma visita. Uma sala daquela, clara em luzes rebatidas. Vista com luzes refletidas pela lagoa. De andar elevado com o pé direito alto. Cabeça baixa. Se o tapete de pele de jaguar pudesse falar não me dirigiria a palavra. Todos estavam muito abalados com o atropelamento bem em frente ao prédio. O casal estava desnorteado com a minha presença ali. Embora eles que me convidaram a subir. Que fique bem claro que eu só passava por ali. Eles que vieram de encontro a mim.
Não tinha nada quebrado. Não tinha olho de vidro. Pedra nos rins ou roupa rasgada. Só mesmo sujei meu casado ao cair no chão. Mas não era meu casaco mais caro nem nada. Dispensei os curativos e água para tomar alguma coisa pra dor. Eles não souberam mais o que fazer. "Aceita alguma coisa? Qualquer coisa?". " Um vinho se tiver".
Me acompanharam na primeira taça. A segunda eu fui sozinho. Na pressa de demonstrar que já havia entendido. Era hora de voltar de onde eu havia vindo. Duma caminhada entre o ponto de ônibus e o bar. Não pretendia fazer paradas pelas garagens no caminho. Então foi melhor aproveitar aquele vinho até o último gole.
Mas se não me engano, agora estou a caminho de casa. Devo ter bebido ainda mais no bar e já estou novamente sozinho. Não é por menos que bebo.
Um comentário:
Não é que escreve bem esse menino?
Adorei.
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