Por uma nota de vinte que tudo não desmorona abaixo dos meus pés. Sem como pagar a passagem, o luxo do ar condicionado e o trânsito dessa ponte impagável. Só não se abre um inferno sob minhas solas porque já cai na real. Tudo tem seu preço. Todo banco tem sua fila, seguranças e apitos dos caixas. O silêncio é protegido por uma porta giratória brincalhona com seu detector de metais. E a nota mais baixa que se pode ter é a de vinte reais. Tudo cai de vinte e vinte. Maços... Anos... E minha conta cai pela metade. Cai.
No inferno todo mundo é gente. Sofre e canta igual. O coro é celestial. Porém os pedidos de perdão e suplicos se perdem em meio a tanto berreiro. Todos estão histéricos como bebês que ainda não falam uma única palavra. Seja no ponto de ônibus, seja na guarita. Seja nos velórios, seja nas bibliotecas. Todos estão gritando no meu ouvido.
Eu não me aguento em pé. E como o chão não cede, me jogo de joelhos. E as flores crescem.
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