Dias que não piso fora de casa. O relógio da cozinha roda em contagem regressiva. Sinto que quero respirar todo o ar que há aqui dentro antes de ir. Esse ar viciado de mim. Já sei que está chegando a hora, já me sinto enjoado. E prestes a vomitar choro.
É hora de mudar.
Ou talvez sejam coisas demais na cabeça que preciso botar pra fora antes de me deitar sem rolar de uma vastidão da cama para outra. Solidão. Talvez seja o peso de todos os pensamentos encardidos que não me deixa sair do lugar.
Passei o dia em casa misturando sono com anestésicos, pensando, pensando... Preso a ideia original de que não há para onde ir eu me choco com tanta beleza desperdiçada. Como tirar inspiração de tamanha desgraça? Dia cinza. Vida sem graça. Sabe? Só não cai chuva porque amanhã novamente tudo se suja. E imaginar que hoje é apenas segunda. Uma pena inteira para cumprir ainda. E mesmo que seja crime querer. Quis que a vida fosse tudo que queria. Se é que se pode ser feliz assim, só querer.
Eu não queria escrever, por incomum que pareça queria conversar com alguém. Mas a essa hora da vida sou muito solitário. Então. Escrevo. Eu sei, eu sei, ainda é cedo. Nessa idade tudo deveria ser apenas o começo, mas não sei se vou não. Se desse para se sentir parte eu acho que já teria sentido. Se desse pra explicar a vida eu acho que já teria entendido.
Melhor agora é deitar. Amanhã to fora daqui.
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