Ninguém acreditou em mim quando eu disse que seria assim. Apontam uma arma bem no meio de sua tempora esquerda, porque ali até uma coronhada te apagaria. É preciso certeza. E com toda não daria tempo para ver o que viria depois, mas os miolos espalhados pelo chão seriam partes de você. Seu corpo. Que por puro instinto a primeira dama cata e os animais comem. Com desespero de uma carne de terceira. Se parassem de desejar o que não tem não comeriam. Não morreriam. Mas eles parecem não se emocionar. São os miolos de um ser humano, pelo amor de deus. Ninguém deveria morrer por apenas um gatilho. E se o dedo se arrepender? Ninguém se mantêm tão pleno o tempo todo. Ninguém tem vontade de viver por todo tempo. E clack.
Ninguém acreditou em mim quando disse que não precisava de ensaio. Tem quem reze sem religião. Tem quem vive sem paixão. Isso é tão natural. E não é nada original ter dor nos calcanhares, dor nas costas e enxaquecas vivendo na cidade. Isso tudo passa. Isso todo mundo passa. Só não se perde o medo. Mesmo morto. Ainda lhe restará o medo. Não mais de armas e gatilhos. Nada mais de mudanças precipitadas. Não mais de negros e pobres. Não mais a culpa que o dinheiro nos deu. Não mais atrasos e obrigações. Apenas o medo do "em vão".
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