domingo, 22 de abril de 2012

Copacabana

Eu escatarraria nessa sua boca se ainda me desse ao trabalho. Eu ainda te comeria com força, contra a sua vontade, se soubesse onde está.     Amor, já não és mais tu que se veste correndo, busca o jornal e esfrega a cara de sono em mais um dia normal.     Já não é mais certo te ver pela janela. Linda, enquadrada, passando de foco.      Já não é tão pecador ser eu.     E que tédio isso tudo dá.
De calcinha subiu as escadas. De porre dançou até apagar. De esnobe ficou cinco dias sem se mostrar. Deitado com a cabeça pra fora do sofá     estou, prestes a te odiar.      Mas que merda! como pude deixar que me ocupasse assim, horas sagradas do meu dia, agendadas espaçadas só para ti.     Sentar e observar. Todos os dias.     Amor, caímos na rotina. Seus horários de cigarro na varanda, seus estudos na cama, seus sonos nua.     E sem você aqui pra dormir antes de mim o tédio não teve mais fim.
Se a essa distância eu já sabia,     sabia com toda certeza que você pode me dar,     que você é a mulher da minha vida. Imagina o desejo, imagina. Te carregando no colo desda cozinha. Fechando a cortina, para te ver de olhos fechados. E fode, fode,     foge. Com um qualquer sem nome. Me deixa pra morrer de fome. Abandonado num apartamento com vista para a solidão...
Eu engoliria sua escarrada se essa boca me beijasse. 

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