Eu escatarraria nessa sua boca se ainda me desse ao trabalho. Eu ainda te comeria com força, contra a sua vontade, se soubesse onde está. Amor, já não és mais tu que se veste correndo, busca o jornal e esfrega a cara de sono em mais um dia normal. Já não é mais certo te ver pela janela. Linda, enquadrada, passando de foco. Já não é tão pecador ser eu. E que tédio isso tudo dá.
De calcinha subiu as escadas. De porre dançou até apagar. De esnobe ficou cinco dias sem se mostrar. Deitado com a cabeça pra fora do sofá estou, prestes a te odiar. Mas que merda! como pude deixar que me ocupasse assim, horas sagradas do meu dia, agendadas espaçadas só para ti. Sentar e observar. Todos os dias. Amor, caímos na rotina. Seus horários de cigarro na varanda, seus estudos na cama, seus sonos nua. E sem você aqui pra dormir antes de mim o tédio não teve mais fim.
Se a essa distância eu já sabia, sabia com toda certeza que você pode me dar, que você é a mulher da minha vida. Imagina o desejo, imagina. Te carregando no colo desda cozinha. Fechando a cortina, para te ver de olhos fechados. E fode, fode, foge. Com um qualquer sem nome. Me deixa pra morrer de fome. Abandonado num apartamento com vista para a solidão...
Eu engoliria sua escarrada se essa boca me beijasse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário