terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Não vai entender

Ela lê do meu português aos dialectos mais primitivos. Nós tudo junto se comunicando por gemidos. Nada do que se aprende na escola, nada do que se lê nos jornais. Ou se ouve dos próprios pais.
Escrevo sorrisos, leio cortejos e conto sem a precisão de uma paixão. A marca-passos despercebidos é pura confusão. Mas ela lê, ela entende. Não sabe explicar bem, mas diz que entende e assim que de repente larga na mesa um não, é bem assim não. Que as coisas são. Tudo foi feito pelo acaso. O encontro, as palavras, o abraço. No papel parecem até arquitetados pelo destino para acontecerem despretensiosos. Como de quem engana até com os olhos. Mas é tudo maquiavélico sem nenhum fim,  vai mais para ver até onde vai. Até onde entendeu. Até onde fingiu que entendeu. Até onde nisso tudo sou eu tentando a todo modo permanecer humano. Manter um número mínimo de neurônios para não deixar de ser símio. Não deixar de reconhecer o tom do cinismo.

Esse com certeza ela não vai entender

Um comentário:

Fernanda Costantino disse...

e se entender do jeito que para ela ficar entendido e nós tudo junto sem muito sentido (pq esse na verdade nem é necessário)?