quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012



Ela acha que sabe de tudo. Ela não acha nada em sua bolsa tamanho kingsize. Bem na hora de sair de casa para ir ver aquela peça que ela acha ser magnífica. Tão quanto ficar deitado no sofá vendo a madrugada passar fazendo dose. Ah! Vamos fazer algo juntos essa noite. Ela acha sair ainda mais perfeito que meu plano do que dividir um travesseiro. Ela acha que conta de jantar não se divide. Motel, gasolina, presente pra sogra vá lá. Porém, acha que certas coisas imutáveis são provas de amor. E certas falta de dinheiro desculpas esfarrapadas. Não importam as palavras inspiradas dos poemas que ela acha que entendeu. Não são como flores no prato. Vamos descobrir se aquele japonês novo é bom antes do teatro? 
Ela acha a chave do carro. Ela acha amoroso quando me ofereço dirigir. Ela não acha nenhuma graça no meu jeito desajeitado de conduzir. Crítica minha carranca e minha falta de preocupação com o sinal vermelho. Você precisa olhar mais para o espelho. Atravessamos meia cidade. E ela se acha inteira de razão em me achar incompleto. Ah vá! Que culpa tenho se não há lugar para estacionar? Se a peça já vai começar? Se não havia nenhum vestido que combinasse com o lugar?
Pago então as entradas do teatro, aquela sua tortinha preferida e um trago. Para acalmar. Mas ela ainda acha que teatro devia ter lugar marcado. E que eu devia brigar por um bom mesmo estando atrasado. Terceira fila, centro. Eu tento... Dar o meu melhor.
Eu acho que no fim de semana seu humor deve melhorar. Pior do que segunda-feira não pode ficar. Sentamos e nos calamos de brigar. Sua silhueta quando a luz apaga me encanta, me faz pensar. Eu acho que devo toda minha felicidade a ela. Todo encanto que é a encenação. No escuro somos pura perfeição. O casal no palco é tudo enganação. Quando volto pra casa cheio de novas ideias tiradas da peça, muito bem alimentado ela me beija e me ama antes de chegar no quarto. Ali mesmo no sofá. Eu acho que isso deve ser o tal amor. Eu acho que não viveria sem os conselhos dela. Eu acho que devo um novo poema a ela.  

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